A Nova Jerusalém: a Cidade de Deus, de Cristo - Parte 05


Os Novos Céus e a Nova Terra em Is 65,17-25




    A descrição dessa nova realidade, em Isaías, apresenta uma aproximação com o Apocalipse 21-22, mas não se trata de uma cidade, e sim, de algo totalmente novo, uma nova ordem das coisas, uma nova criação, novas criaturas sem pecados e sem males:
“17 Com efeito, criarei novos céus e uma nova terra, as coisas de outrora não serão lembradas, nem tornarão a vir ao coração. 
18 Alegrai-vos, pois, e regozijai-vos para sempre com aquilo que estou para criar: eis que farei de Jerusalém um júbilo e do meu povo uma alegria. 
19 Sim, regozijar-me-ei em Jerusalém, sentirei alegria em meu povo. Nela não se tornará a ouvir choro, nem lamenta-ção. 
20 Já não haverá ali criancinhas que vivam apenas alguns dias, nem velho que não complete sua idade; com efeito, o menino morrerá com cem anos e o pecador só será amaldiçoado aos cem anos. 
21 Os homens construirão casas e as habitarão, plantarão videiras e comerão os seus frutos. 
22 Já não construirão para que outro habite a sua casa, não plantarão para que outro coma o fruto, pois a duração da vida do meu povo será como os dias de uma árvore, meus eleitos consumirão eles mesmos o fruto do trabalho das suas mãos. 
23 Não se fatigarão inutilmente, nem gerarão filhos para a desgraça; porque constituirão a raça dos benditos de Yahweh, juntamente com os seus descendentes. 
24 Acontecerá então que antes de me invocarem, eu já lhes terei respondido; enquanto ainda estiverem falando, eu já os terei atendido. 
25 O lobo e o cordeiro pastarão juntos, o leão comerá feno como o boi. Quanto à serpente, o pó da terra será seu alimento. Não se fará mal, nem violência em todo o meu monte santo, diz Yahweh” (Is 65,17-25) *(9).


    Um ponto importante na utopia de Isaías é que as coisas velhas não virão mais ao coração. O que seriam essas coisas do passado? Seriam apenas os males, as dores, a violência, ou trata-se de saudades de coisas perdidas, do apego ao tempo e ao espaço? Se a média de vida na Palestina era de 42 anos, como se podia aplicar uma pena ao culpado só aos cem anos? O salmista afirma que era um fato notável quando alguém chegasse aos oitenta anos (Sl 90,10).
    O profeta vai além de um sonho histórico, de uma realidade política e de ambições nacionalistas. O lobo nunca comerá capim, mas não exercerá agressividade contra o cordeiro. A nova criação será sem os males dessa que ali está, que o profeta vive, que experiencia e conhece. É um olhar distante, uma realidade no além.


A Cidade de Deus (a Nova Jerusalém) no Ap 21-22.





    O Ap de João 21,1 fala de um novo céu e uma nova terra como sendo uma visão, em continuidade à seqüência de visões do autor, desde 4,1 em diante. . Pode-se, na verdade, falar de uma visão única no Apocalipse à qual se manifesta em etapas. Desde que o vidente é chamado a subir aos céus (Ap 4,1) até à conclusão do julgamento (Ap 22,15).
    O primeiro céu e a primeira terra já não existem (Ap 21,1), por isso, a Jerusalém celeste desce dos céus pronta como uma esposa enfeitada (Ap 21,2-3), ela desce dos céus de modo totalmente surpreendente, sem que os convidados saibam como está vestida, quem a acompanha ou onde vai se instalar.
    A Jerusalém celeste terá apenas o nome de Jerusalém, mas será uma cidade com um contexto totalmente diferente. Ela nada tem da Jerusalém histórica, situada em Israel atual.
    Nosso autor está fazendo uma releitura de sentido de tudo quanto consta em torno da Jerusalém atual. Ainda que o autor possa ter tido alguma inspiração em Is 51 e 65,
essa cidade de Davi (2Sam 5,9; 24,25; 1Rs 6,2; Sl 122) é a cidade de Deus, não a cidade dos homens.
    Não se trata da cidade dos Jebuseus conquistada por Davi e seu bando (2Sm 5,6-10; 1Cr 11,4-9), também não é a futura capital do povo messiânico (cf. Is 2,1-5; 54,11; 60; Jr 3,17; Sl 87,1). Na Jerusalém histórica, atual, o Espírito Santo inicia a missão da Igreja cristã
 (At 1,4.8; 2,1-13; 8,1.4). A Jerusalém celeste, a cidade de Deus não procede da cidade de Davi, da Jerusalém histórica, mas de Deus. Em Is 60 e Ez 40 trata-se da Jerusalém atual, reformada, reconstruída e embelezada. O arquétipo de sentido pode ter inspiração nesses e outros textos veterotestamentários, mas a Jerusalém de João e a de Paulo (apócrifo) é celeste.
    O autor vê uma cidade substituindo a outra, porque a primeira passou, mudou, sumiu.      Onde será instalada essa cidade, ele não define, apenas que ela desceu dos céus como a cidade de Deus.
    O vidente é conduzido à cidade de Deus por um dos sete anjos (Ap 21,9) das pragas (cf. 8,7-21) para ver a cidade situada sobre o monte.
A Jerusalém que João vê e descreve é descida do céu (21,10; cf. 21,2)

*(9) A conclusão dessa descrição no v. 25 se aproxima da cidade do Messias, pois ele reinará com justiça e inspiração do Espírito de Yahweh. O seu reinado estabelecerá a justiça e todas as criaturas conviverão numa harmonia paradisíaca (Is 11,6-9).



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