A Nova Jerusalém: a Cidade de Deus, de Cristo - Parte 01
Leitura intertextual de Ez 48,30-35, Ap 21-22 e App 1 de Paulo 23-50.
Por Isidoro Mazzarolo
A Cidade e o Templo de Jerusalém em Ez 40-48.
Ezequiel é um profeta que escreve, provavelmente, dentro do exílio da Babilô-
nia. Quando Ezequiel escreve sua profecia, Jerusalém ainda estava em escombros.
A expectativa do profeta não é escatológica, não é futurista, ela é histórica, imediata, concreta. O Deus do seu povo mora em Jerusalém, Yahweh não foi para o exílio, ele ficou
sem a casa, mas reside nesta cidade (Esd 1,3). O profeta almeja e sonha que essa cidade
dos seus antepassados seja reconstruída e Deus possa voltar a ser cultuado no seu monte
santo, no seu templo (cf. Esd 1,4).

A profecia mistura sonho e visão com a expectativa, anseios concretos e imediatos de uma cidade reerguida das cinzas. Ezequiel não está longe da realidade, mas sua
forma de escrever é enigmática e reconstrutiva do passado perdido na destruição e nas
deportações. A visão da nova cidade começa no capítulo 40 e se estende até o capítulo
48 e tem caráter político e religioso. O profeta espera que a cidade volte a ser o lugar da
morada de Deus, por isso, não bastavam apenas medidas econômicas para reconstruir a
cidade, suas muralhas, seu brilho e pujança, era preciso também tomar sérias medidas
religiosas e culturais a fim de impedir que outro exílio acontecesse. Essas medidas culturais exigiriam uma seleção e exclusão do acesso ao templo. Todos os incircuncisos de
coração e de corpo, bem como nenhum estrangeiro poderiam entrar no novo
templo (Ez 44,49).
Essa medida drástica evitava a possível ocasião de profanação do templo através
da impureza ou da indignidade de orar no Templo: “Que nenhum estrangeiro penetre no
interior da balaustrada e do recinto que cercam o santuário. Aquele que venha a ser apanhado só a si próprio deverá culpar pela morte que será o seu castigo”
O profeta estaria pressupondo uma nova forma de evitar abusos do passado
no templo quando, em
virtude de acordos políticos, os reis de Israel casavam com mulheres pagãs e elas tinham o privilégio de colocar suas divindades no templo do rei e de prestar cultos idolá-
tricos no mesmo santuário (cf.1Rs 11,1-13).
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